Linking Park - Portela pós-aeroporto

Trienal de Arquitectura: Exposição Paisagem

NUNO PORTAS + NPK
UTOPIA da REALIDADE


"a temporalidade das transformações espaciais, a forma como a cidade cresce: movimento, fluxos, energia e matéria."

“Utopia (a partir) da realidade”....significa considerar criticamente, reflexivamente, as oportunidades e condicionantes materiais de um lugar como suporte para alternativas construtivas de futuros próximos e previsíveis, sem comprometer outros, mais ambiciosos que as gerações seguintes sejam mais capazes de escolher! ’

JOÃO GOMES da SILVA e JOÃO L. CARRILHO DA GRAÇA
PLANALTO

‘A nova área central da Portela, afirma-se como deslocação da continuidade natural de Lisboa para o extremo do planalto(...). O extenso vazio central configura um novo espaço público que articula os desejos de continuidade dos corredores ecológicos há muito planeados, na configuração de um intenso vazio, que se afirma em contraste com um intenso edificado que se dilui progressivamente até ao novo limite do planalto da Cidade, em domínio dos amplos vales agrícolas dos rios Trancão e Tejo.’

Excertos do texto original e imagens publicados no catálogo oficial.

A possibilidade/previsibilidade da saída do aeroporto da Portela nos próximos 12 anos exige definição de objectivos para o destino a dar a esse "enorme bocado de cidade".

Não deixa de ser também um motivo de entusiasmo para quem sonha com uma cidade com melhor ambiente urbano o que, entre outras coisas, significa melhor ar, melhor mobilidade, melhor urbanismo e natureza (plantas, animais, água, terra...) melhor integrada no seu interior.

Melhorar o ambiente urbano é um dos factores que tem sido decisivo para todas as cidades que têm contado/querem contar com a instalação de actividades de alta qualificação para se desenvolverem.

Seria bom que uma das premissas do desenho urbano e da filosofia da intervenção para a Portela pós novo aeroporto fosse a valorização e o reforço da estrutura verde, nomeadamente com a criação de percursos facilitando as deslocações a pé e de bicicleta, no interior do espaço (plano) e ligando o melhor possível grandes espaços verdes pré-existentes ( 1 - Viveiros Olivais/Vale do Silêncio; 2 - Áreas verdes de protecção da 2ª Circular/acessos a Bairro dos Olivais e Parque da Bela Vista; 3 - Mata de Alvalade; 4 - LNEC/Hospital Júlio de Matos; 5 - Quinta das Conchas; 6 - Parque Oeste; 7 - Parque Periférico/Coroa Periférica Urbana/ QQ. Coisa Verde Periférica).

O primeiro Plano Director de Lisboa, também conhecido por Plano De Groer (o seu autor/coordenador), sugeria que as zonas de protecção do aeroporto podiam servir como terrenos de jogos e de desportos. De pasto serviram certamente, por muitos bons anos.

Terrenos junto ao aeroporto da Portela, fotografados por Arnaldo Madureira e Artur Goulart, 1960, Arquivo Municipal de Lx

O Plano Director dos anos 60/70 considerava que se devia prever a desafectação dos terrenos em que se implantava o aeroporto, como possível e desejável.

O que é indiscutível é que esse cenário (que estranhamente, pouco interesse e debate provocou até agora) representa a possibilidade de dar um salto gigante na qualidade de vida de Lisboa (e não só) e de "coser" uma parte da cidade dividida por uma enorme infraestrutura.

Nota lateral: voo mais baixo, mas mesmo assim alto, seria conseguir acabar entretanto com dois dos maiores bairros de barracas ainda existentes (Qª da Serra e Bº da Torre - a vermelho), que marcam presença à saída da cidade.

6 comentários:

Paúl dos Patudos disse...

Venho convidar a um passeio pelo Paúl dos Patudos, espero que goste.
Fique bem
Ana Paula

Jorge N. disse...

Obrigado. Ao Paúl fui há já cerca de uma dezena de anos e lembro-me de gostar muito da paisagem. Um dia destes voltarei para visitar também a casa museu José Relvas.

Jorge N. disse...

queria dizer casa-estúdio Carlos Relvas, a que abriu recentemente. A outra já conheço.

Coca disse...

"A valorização e o reforço da estrutura verde" na Portela pós aeroporto. Pois eu também acho, mas continuo a não acreditar. Aí a tese...

h disse...

la trienalllllllllllllllllll....ainda não consegui ir..........

Jorge N. disse...

Paula, com o que se sabe hoje e, mais ainda, com o que se souber daqui a 5 anos, é uma grande oportunidade para que o que se fizer passe pelo reforço da estrutura verde e também da mobilidade "à pata" (não à pato-bravo). Só acho que todos deviam encarar essa possibilidade e dizer o que defenderiam nesse caso.